Wednesday, February 17, 2010

BETÂNIA

BETÂNIA - A IGREJA SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

Este livro é a transcrição de uma mensagem que Frank pregou a uma igreja caseira em Saint Agustine, Flórida, em 22 de abril de 2007. Esta mensagem é apropriada para todas as igrejas nas casas, igrejas simples, igrejas orgânicas e igrejas emergentes que estão repensando o significado e a prática da igreja.

INTRODUÇÃO

Quando o Senhor Jesus Cristo entrou neste mundo, ele não foi recebido.

Você se lembra do seu nascimento? A localidade inteira de Belém fechou suas portas para ele. Então ele nasceu em um estábulo, em meio às manchas e maus odores de fezes de gado.

Quando ele estava com dois anos de idade, foi caçado pelo governo. (Não havia nenhum menino em sua classe de jardim-de-infância).

E, quando ele começou seu ministério, foi rejeitado pelo seu próprio povo – os Judeus.

"Ele veio para os seus e os seus não o receberam" (João 1.11).

Os líderes religiosos que dominavam Jerusalém também o rejeitaram. Lembre-se de como ele se lamentou sobre a cidade porque eles rejeitaram o seu Messias (Lucas 13.34).

Quando ele procurou entrar em Samaria, foi rejeitado por esta cidade também.

"Porque o povo lá não o recebeu porque ele se dirigia a Jerusalém" (Lucas 9.53).

Ele também foi rejeitado pela sua própria cidade natal, Nazaré. Lembre-se de suas palavras – "Um profeta não tem honra em sua própria cidade natal" (Marcos 6.4). De fato, o Senhor mesmo disse que não tinha um lar neste mundo. "Raposas têm covis, e pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem lugar para repousar sua cabeça" (Lucas 9.58).

Você vê a ironia? Aqui está o criador do universo. Aqui está aquele que não apenas fez todas as coisas, mas aquele para quem todas as coisas foram feitas. E ele é rejeitado pelo mesmo mundo que criou. Ele não é bem vindo, nem recebido. Houve somente uma exceção.

Em toda a sua vida humana, houve somente um lugar na terra onde Jesus foi bem vindo.

Houve somente um lugar onde ele foi recebido. Este era uma pequena vila chamada Betânia. E esta teve um papel proeminente na vida do Senhor.

Nesta tarde, eu gostaria de delinear os passos do Senhor quando ele viajou para a vila de Betânia. Minha razão para fazer isto é simples. Eu creio que Betânia representa o desejo do Senhor para a sua igreja. Deus deseja uma Betânia em cada cidade deste planeta. Isto inclui Saint Augustine, Flórida.

Os Evangelhos nos dão quatro narrativas que ocorreram em Betânia. Antes de olharmos para cada uma delas, eu quero lhes dar o contexto histórico dessa pequena vila.

• Betânia distava menos de três quilômetros a leste de Jerusalém.

• Ela era localizada no sopé sudeste do Monte das Oliveiras.

• O Jardim do Getsêmani também ficava no Monte das Oliveiras. Getsêmani significa "prensa de oliveiras". Era um lugar onde as oliveiras eram espremidas.

• Nos seis dias que antecederam à sua crucificação, Jesus ia à cidade de Jerusalém durante o dia, mas ele sempre se retirava para Betânia para passar a noite.

Repito: Nos últimos seis dias da vida terrena do Senhor, Jesus Cristo se retirava para Betânia e se hospedava lá. Em Betânia, ele achava refúgio, descanso, segurança e paz.

• Betânia significa "casa de figos". Isto é significante, como veremos adiante.

• Havia três pessoas que viviam em Betânia, a quem as Escrituras dizem que Jesus amava: Marta, Maria e Lázaro.

• Parece que Marta era a irmã mais velha. Maria era a irmã mais nova. E Lázaro era o irmão mais novo.

• Havia ainda uma quarta pessoa que Morava em Betânia – um homem a quem o Novo Testamento chama de "Simão o leproso". Alguns eruditos acreditam que Simão era parente de Marta, Maria e Lázaro. Talvez seu pai ou tio.

• Marta possuía uma casa em Betânia. Maria era bem conhecida na localidade. João chama Betânia de "o povoado de Maria e sua irmã Marta."

• Parece que a família vivia bem, financeiramente. (O tamanho da casa de Marta e o tipo de tumba que foi usada para Lázaro são indicadores de seu status financeiro.

• Parece que Betânia era o único lugar na terra onde o Senhor Jesus era compreendido e reconhecido.

Vamos agora olhar para o primeiro encontro do Senhor com Betânia, como está registrado nas Escrituras.


ENCONTRO 1

Outubro de 29 d.C.

Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!" Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". (Lucas 10.38-42)

Eu penso que é justo dizer que a maioria dos sermões que têm sido pregados com base neste texto têm posto Marta sob pequena luz.

Muitos pregadores têm se engajado em "bater em Marta". Bem, eu gostaria de dizer uma palavra gentil sobre Marta nesta tarde. Eu gostaria de chamar sua atenção para o verso 38 – "Marta O recebeu em sua casa" Outras traduções dizem "Marta O hospedou em sua casa".

Recebendo Jesus Cristo

Betânia era o único lugar nesta terra onde Jesus Cristo era completamente e alegremente recebido. Ele era o único lugar na terra onde ele se sentia em casa.

Esta é a marca característica de Betânia. E esta é a primeira marca da igreja que Deus procura.

Jesus Cristo foi rejeitado no mundo. Mas, foi recebido em Betânia.

Agora, o que significa receber o Senhor Jesus? Eu penso que cada igreja neste planeta afirma que recebeu o Senhor. Mas eu gostaria de expandir o nosso entendimento do que significa propriamente recebê-lo.

Como uma igreja dá ao Senhor seu adequado e próprio lugar? Esta é uma questão crítica. Porque sobre ela repousa todo o tema acerca de restauração da igreja. Eu creio que a igreja jamais será restaurada enquanto nós não entendermos primeiro como receber o Senhor apropriadamente. Parece-me que há três aspectos-chave envolvidos na recepção apropriada de Jesus Cristo.

1) Receber a Cristo apropriadamente é dar a ele o lugar de honra, supremacia e centralidade. Eu estive me reunindo com igrejas nas casas por quase vinte anos até agora. E, no meu julgamento pessoal, não existe um só lote inteiro de igrejas nas casas que faça Cristo central e supremo. Alguma outra coisa que não é Jesus geralmente toma o lugar central.

Porém, aqui está o mais trágico. Nas igrejas que fazem Cristo o lugar central, eles tendem a ser parte de movimentos elitistas e sectários. E pela sua prática e atitude, eles traem o próprio Senhor, em volta de quem eles estão tentando se reunir.

Eu sempre tenho feito esta afirmação: sectarismo e elitismo são como odor do corpo. Todos podem senti-lo, exceto quem o tem.

Não errem sobre isto: Jesus Cristo não está "em casa" em nenhuma igreja que é elitista ou sectária. Nós poderíamos acampar aqui e conversar sobre o que significa fazer Cristo central e supremo pelo resto do dia. Mas nós não temos tempo. Eu simplesmente vou dizer que Jesus Cristo não aceitará o segundo lugar. Ele não está "em casa" em nenhuma igreja que não dê a Ele o lugar de absoluta e suprema centralidade. Ele deseja ser mais do que um convidado.

Ele quer ser o dono da casa.

Parece-me que muitas igrejas tratam o Senhor como se Ele fosse o convidado de honra invisível. Mas um convidado ainda é um visitante. Nosso Senhor deseja ser mais do que um convidado. Ele quer ser O Cabeça de Sua Igreja. Somente em tal lugar e entre pessoas deste tipo, Ele se sente em casa.

2) Receber a Cristo é receber tudo o que Ele é. Eu tenho encontrado algumas igrejas nas casas que receberam o ministério da pregação do Senhor, mas rejeitaram o seu ministério de cura. Tenho encontrado algumas igrejas que receberam o seu ministério de bênçãos, mas rejeitaram seu ministério de sofrimento. Ou seja, eles recebem de bom grado o poder de sua ressurreição, mas rejeitam a comunhão do seu sofrimento.

Tenho conhecido algumas igrejas que recebem o seu ministério de ensino, mas rejeitam seu ministério de ajudar os pobres e oprimidos. Tenho conhecido algumas que têm recebido o seu ministério de construir o Corpo, mas rejeitam o ministério de alcançar os perdidos.

Receber a Cristo desta forma "meia-refeição" é recebê-lo nos nossos próprios termos. Isto não é recebê-lo como Ele é. Receber bem e apropriadamente a Jesus Cristo é receber tudo o que Ele é. Ele é uma pessoa inteira. Nós não podemos dizer que queremos uma parte de você, mas não as outras partes. Betânia era o lugar onde Cristo – o Cristo inteiro – era bem recebido.

3) Receber a Cristo é receber tudo o que faz parte dele. Em diversas ocasiões, Jesus fez esta afirmação arrebatadora: "Aquele que recebe os que eu envio, a mim me recebe."

Betânia é o lugar que recebe a todos que Cristo envia. Ele recebe a todos que pertencem a Cristo. Qualquer igreja que recebe bem alguns membros do Corpo, mas rejeita outros, não está recebendo a Cristo. E qualquer igreja que recebe bem algumas pessoas que o Senhor enviou, porém rejeita outras, não está recebendo a Cristo.

A exceção: Nós não recebemos aqueles que trabalham contra a missão de Cristo, que é a unidade. Aqueles que são sectários e que desejam "dividir e conquistar" para os seus próprios movimentos, nós não recebemos. Este é o espírito de divisão, e isto é anti-Cristão (Rom. 16:17).

Deixe-me destacar uma grande tentação para as igrejas nas casas hoje em dia. É a tentação de nos tornarmos fechados, sem crescimento, e isolados como uma ilha.

Betânia recebe todos aqueles a quem Cristo já recebeu. E eles são bem-vindos.

Fazer diferente disto é dizer: "Senhor, nós receberemos sua mão e seu braço, mas não queremos seu pé nem sua perna."

Ser exclusivo é desmembrar Jesus Cristo. Clara e simplesmente.

Interessantemente, mesmo descrentes judeus eram bem recebidos em Betânia (João 12:6).

Betânia, como Jesus, é radicalmente inclusiva. Quando Cristo é bem-vindo entre pessoas, Ele recebe bem a todos os que visitam essas pessoas. Existe um elemento de boas vindas... um elemento de convite... que chama os outros para dentro. Este é o hospitaleiro aroma de Jesus Cristo. Nós recebemos a Ele, e Ele recebe a todos os que são d’Ele. Isto é a igreja.

Infelizmente, eu estive em muitas igrejas nas casas que não providenciavam uma atmosfera acolhedora e convidativa aos seus visitantes. Ao contrário, eles respiram um ar de exclusivismo e limitação. Essas coisas traem o espírito de Betânia e expõem o fato de que o Senhor não foi bem recebido.

Em suma, o Senhor está procurando um lugar onde ele seja completamente recebido e bem-vindo. Não Cristo mais alguma coisa. Nem Cristo menos uma parte de Cristo. Porém, Cristo todo e em todos. Deus está procurando um povo que receberá a Cristo como seu tudo. E isto é a igreja como Deus desejaria que fosse.

Um close em Maria

Vamos voltar à nossa narrativa. Perceba onde Maria está sentada. Ela está aos pés do Senhor. Esta é a postura de um discípulo (veja Atos 22:3). O que ela está fazendo aos seus pés? Ela está ouvindo-o falar. Sua atenção está fixa em Cristo. Ela está ouvindo atentamente a Palavra dele.

Os doze estão presentes também, indubitavelmente também aos pés d’Ele. (O verso 38 deixa claro que eles estavam ali.)

O que é isto? Isto é um lindo quadro de uma reunião de uma igreja. Quando nos reunimos como igreja, nós vimos à presença de Jesus Cristo. Ele está em nosso meio. E... Ele está falando.

Nessa narrativa, Cristo está falando por meio de seu corpo físico. Mas hoje, Ele fala por um canal diferente. Todos nós sabemos que canal é este, não é? É o pastor, certo? Não! Ele ainda fala por meio de Seu corpo – Seu Corpo Espiritual.

Não por meio de um pastor. Não por meio de um grupo de presbíteros. Mas Ele fala por meio de nós – o Corpo de Cristo. (Pastores são como se fossem seus dedos mindinhos. Cristo possui um corpo inteiro por meio do qual Ele fala.)

Nós nos reunimos para adorá-lo, louvá-lo, e para ouvi-lo falar Sua Palavra por meio de uns para os outros. E pela Palavra Dele, nós vivemos.

Agora, aqui está um ponto para destacar: toda vez que você se reúne, quando você sai pela porta e deixa a reunião, você deve estar apto a dizer: "O Senhor falou para nós hoje e isto foi o que ele revelou sobre si mesmo a nós."

Isto requer que cada um de nós se torne uma Maria. Isto requer que cada um de nós se sente aos seus pés durante a semana e aprenda d’Ele. E quando nos reunimos, compartilhamos o que aprendemos d’Ele uns com os outros.

Eu sou um forte advogado da idéia dos cristãos se reunirem em pares durante a semana para passar tempo com o Senhor, antes das reuniões corporativas. Note que Maria não estava sentada aos pés do Senhor sozinha. Os doze estavam com ela também. E Lázaro provavelmente estava lá também.

Então, Betânia é o lugar onde sentamos aos pés do Senhor juntos, e nos submetemos à sua chefia. Esta é a primeira lição que toda igreja autêntica deveria aprender.

Escolhendo a melhor parte

Esta narrativa é geralmente interpretada como um exemplo da tensão que existe entre aqueles que são dados a serviços e tarefas e aqueles que são dados à adoração devocional. Eu penso que esta maneira de olhar para a narrativa tem algum mérito, mas eu não quero pregar isto hoje. Eu penso que isto faz perder o ponto principal. Permitam-me dar a vocês algo do contexto histórico que trará luz nova sobre a nossa narrativa. Nos dias de Jesus, os lares eram divididos em espaços masculinos e espaços femininos. A cozinha era o domínio das mulheres. (Este ainda é o caso em alguns países, como a Etiópia). Homens são proibidos de entrar nas cozinhas. A sala-de-estar era para os homens. Era considerado muito inapropriado uma mulher ficar na sala-de-estar com homens. Era mesmo escandaloso. Os únicos dois lugares que homens e mulheres compartilhavam simultaneamente eram os quartos de dormir e fora das casas, onde as crianças brincavam. Agora eu quero que você imagine o Senhor Jesus andando nessa casa com seus doze discípulos. Marta guia a Ele e aos doze à sala-de-estar – o espaço dos homens. Jesus não pede uma refeição. Ao contrário, ele quer ensinar. Então, ele começa a falar. Os doze estão todos reunidos ao redor dele, sentados aos seus pés. Mas há algo estranho neste quadro. Uma mulher também está presente. E ela também está sentada aos seus pés. Maria ultrapassou uma linha invisível. Ela rompeu dois limites sociais. Primeiro, ela está sentada no lugar que é só para homens. Segundo, ela está sentada com a postura de um discípulo. E por que isto é significante? Porque cada rabino naqueles dias somente poderia ter discípulos masculinos. Jesus era a exceção. Ele recebeu mulheres para ser discípulas também. Agora vamos para a cozinha e olhemos para Marta. Ela tinha uma coisa em mente. Ela estava interessada em dar a Jesus uma recepção apropriada. Ela está preparando uma grande refeição para Jesus e seus discípulos. Ela está servindo na cozinha, preparando a comida, pegando os pratos, pegando os melhores utensílios de prata, etc.

Mas, na medida em que os minutos passam, ela começa a perder a paciência. Sua irmã não está lhe ajudando em nada. Ao contrário, ela está na sala sentada aos pés de Jesus como um de seus discípulos. Em outras palavras, Maria está se comportando como um homem.

Marta continua a trabalhar na cozinha, na esperança de que Maria irá se levantar e ajudá-la. Ela para um pouco. Mas ela simplesmente não pode esperar mais. Ela irrompe tempestuosamente a sala-de-estar e protesta para Jesus: "Maria não está me ajudando. Você nem se importa! Diga a ela para me ajudar". Marta, de fato, estava dizendo, "Minha irmã está na sala-de-estar agindo como um homem quando deveria estar na cozinha me ajudando!" Note que no meio do protesto de Marta, Maria fica silenciosa. Ela não se defende. Ela deixa que o Senhor a defenda. E Ele o faz. A resposta do Senhor para Marta é carinhosa. "Marta, Marta (Sempre que um nome é repetido na Bíblia, a idéia é de intimidade entre quem está chamando e a pessoa chamada. Ao chamar “Marta, Marta” Jesus a estava tratando intimamente e carinhosamente. É como se estivesse a chamando, em Português, de “Martinha”), você está preocupada e atribulada com muitas coisas. Maria está concentrada em uma só coisa. E esta coisa é a mais necessária. É a melhor coisa – ser Meu discípulo." "Uma coisa é necessária," Ele diz. "E eu não vou tirar isto dela." O Senhor parece dizer que a única coisa necessária... a "melhor parte", como algumas versões traduzem, é conhecê-lo. E a esse conhecimento segue um serviço inteligente. Um serviço que flui do amor, da amizade, e do companheirismo. A maior prioridade na vida é conhecer O Senhor. E isto requer tempo aos seus pés. Porém, algo mais está acontecendo aqui.

Expondo o coração

Em Betânia, nossos temperamentos, nossas disposições, e nossos motivos são expostos. Eu quero que percebam: Jesus não disse que as coisas com as quais Marta estava preocupada eram erradas. Ele simplesmente apontou que somente uma coisa era necessária. Eu considero digno de nota que Jesus nunca disse a Marta para parar de servir. O que ele fez foi expor o fato de que seu serviço estava mal guiado e mal direcionado. Seu coração estava no lugar errado. Ela estava concentrada na coisa errada. Ela estava tão ocupada com preparar uma comida apropriada que ela nem percebeu que Deus, em pessoa, estava sentado em sua sala-de-estar! E o Senhor expôs isto. Eu posso ver Marta, fervente, servindo, trabalhando duro, mas não tendo tempo para sentar aos pés do Senhor, para amá-lo, compartilhando sua amizade e descobrindo como ele gosta de ser servido.

Nosso serviço ao Senhor tem sempre que fluir do nosso companheirismo com Cristo.

Aprenda a sentar-se aos pés do Senhor e a ouvir Sua Palavra, e então sirva ao seu comando. Dessa breve narrativa, nós descobrimos quatro coisas sobre Betânia.

Em Betânia, Jesus Cristo é completamente recebido e bem-vindo.

Em Betânia, nós sentamos na Presença de Jesus, ouvimos Sua Palavra, e a compartilhamos com os irmãos.

Em Betânia, são dados às mulheres os mesmos privilégios e o mesmo status que aos homens. Em Betânia, nossos temperamentos, disposições, e motivos são expostos.

Eu agora quero dar uma palavra de exortação para a igreja em St. Augustine e para qualquer outra igreja que ouvir esta mensagem.

Seja uma Betânia.

Receba o Senhor apropriadamente e completamente. Faça com que saibam que Jesus é o melhor que você tem. Aprenda a sentar-se aos seus pés e a ouvir Sua voz por meio uns dos outros. Deixem que o Senhor exponha os corações de vocês.

E não fujam uns dos outros quando Ele fizer isto. Ao contrário, aceitem a terapia d’Ele.

Para que? Para que exista um lar para Jesus Cristo nessa cidade. Uma Betânia, se você quiser.

Vamos então para a segunda narrativa.


ENCONTRO 2

Início do ano 30 d.C.

"Havia um homem chamado Lázaro. Ele era de Betânia, do povoado de Maria e de sua irmã Marta. E aconteceu que Lázaro ficou doente... Então as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: "Senhor, aquele a quem amas está doente"... Jesus amava Marta, a irmã dela, e Lázaro. No entanto, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava... "Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo"... Chegando ao lugar onde Jesus estava e vendo-o, Maria prostrou-se aos seus pés e disse: "Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido"... Jesus chorou... Jesus, outra vez profundamente comovido, foi até o sepulcro. Era uma gruta com uma pedra colocada à entrada. "Tirem a pedra", disse ele. Disse Marta, irmã do morto: "Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro dias". Depois de dizer isso, Jesus bradou em alta voz: "Lázaro, venha para fora!" O morto saiu, com as mãos e os pés envolvidos em faixas de linho e o rosto envolto num pano." (João 11:1-44. NVI - abreviado)

Esta narrativa, que eu abreviei acima, nos leva mais além ao significado de Betânia, na medida em que se relaciona ao coração de Deus para sua Igreja.

Amor e Amizade

Observe que no início da narrativa, está dito que Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. E este amor era sentido e entendido. Ouça as palavras de Maria e Marta: "Ele, a quem você ama, está doente". O amor do Senhor por eles não era uma idéia abstrata. Eles sabiam disto, e eram confiantes neste amor. Observe também que Jesus chamou Lázaro de seu amigo. Ouça suas palavras: "Nosso amigo Lázaro dorme."

Em João 15:15, o Senhor disse aos seus discípulos: "Eu não os chamo mais de servos, porque um servo não sabe dos negócios de seu mestre. Ao invés disso, eu os tenho chamado de amigos, pois tudo o que aprendi de meu pai eu lhes tornei conhecido."

Amor e amizade. Essas duas palavras sumarizam o coração de Betânia. Betânia é o lugar onde Jesus Cristo ama aqueles que são seus, e os seus não duvidam disto. É também um lugar de amizade. Amizade com o Deus vivo. Essas duas palavras revelam o coração de Cristo. Ele deseja amigos, não servos. Ele deseja amor, não servidão.

No frio templo de Jerusalém, Deus era servido. Mas, no calor de um lar de Betânia, Ele era amado e amigo. Quando eu leio esta passagem, eu vejo um Senhor, que está dizendo, "Eu não vim a este mundo para ser servido. Eu vim para ter amigos. Eu vim para amar e ser amado. Eu vim para colocar um povo em meu coração. Eu vim para revelar os segredos do meu coração para os meus amigos. Porque eu estou "em casa" quando estou com eles."

Este é o significado de Betânia. E isto é o que o Senhor procura em sua igreja.

Crise em Betânia

Vamos em frente. Uma crise ocorreu em Betânia. Lázaro morreu. Eu estou impressionado com o fato de que Jesus é o dono da situação. Ele tem o controle completo. Não há preocupação, nem pressa, nem ansiedade de sua parte. Fica claro que ele tem ouvido o Pai em toda situação.

Note que Marta age de acordo com seu caráter. Ela corre à frente de sua irmã. Porém, observe Maria. Ela também age de acordo com seu caráter. Ela está aos pés do Senhor, de novo.

A cena é caótica. A decepção está em volta do Senhor. Lamento e tristeza estão em todo o lugar. O seu grande inimigo – a morte – pegou alguém que ele amava.

O Senhor está profundamente perturbado. Aqui nós percebemos que Deus é sensível à nossa dor. Mesmo sabendo que ele vai ressuscitar Lázaro dos mortos, Ele é ainda assim tocado pela tristeza que afligiu Maria, Marta, e a vila inteira.

É um momento de parar o coração. Aquele que criou o universo está chorando na sepultura de seu amigo. E Ele, a ressurreição e a vida, levanta o seu amigo dos mortos.

Aqui nós temos outro aspecto de Betânia. Crise e ressurreição. Na ressurreição, Deus começa tudo de novo com uma nova criação. Mas ressurreição sempre segue o sofrimento e a dor. Há uma crise em Betânia. Há sofrimento em Betânia. E eu direi mais, há morte em Betânia. A cruz situa-se bem no meio de um grupo de crentes que estão ansiando a restauração da igreja. Eles experimentarão morte – palavras secas, sofrimentos uns com os outros, morte em suas agendas, aspirações, opiniões, preferências, e ambições. Mas é assim que Deus constrói a casa Dele. A partir da morte, a vida do Senhor é expressa e nós somos constituídos juntos numa casa para Jesus Cristo. Deus traz morte às nossas vidas para que Ele dispense a Sua ressurreição.

Falando de outro modo: se você fizer um lar para Jesus Cristo, tempos difíceis virão. Sofrimento virá. Dificuldades com seus irmãos virão. Mas lembre-se: você não pode ter uma ressurreição sem morrer. E você jamais conhecerá o triunfante Senhor enquanto não enfrentar uma crise.

A igreja vive em ressurreição. Mas deve haver morte antes que a vida ressuscitada do Senhor possa ser manifesta.

Ouça as palavras de Paulo: "Nós sempre carregamos em nosso corpo a morte de Jesus, para que a vida Dele possa também ser revelada em nosso corpo. Pois, nós que estamos vivos, estamos sempre sendo entregues à morte pelo amor de Jesus, para que a vida Dele possa ser revelada em nossos corpos mortais. Então, a morte está agindo em nós, mas a vida está agindo em vocês." (II Coríntios 4:10-12).

Quando a morte vem às nossas vidas, tendemos a culpar os outros. Nós não gostamos de sofrimento, e então tendemos a culpar aqueles por cuja mão ele vem. Mas lembre-se: Ele é o autor da cruz, assim como é da ressurreição que espera do outro lado. E Ele está procurando nos transformar na sua imagem. Sofrimento é uma parte crucial deste processo.

Eu quero elogiar tanto Marta quanto Maria na difícil hora delas. Face à morte, elas grudaram no Senhor. Ele não satisfez as expectativas de suas esperanças. Em suas mentes, Ele deixou o irmão delas morrer. Mesmo assim elas grudaram Nele em fé, apesar de tudo.

Um Deus Que Espera Demais

Em Betânia, nós descobrimos um Deus que quer esperar até que seja muito tarde. Nessa narrativa, Jesus apareceu quatro dias atrasado.

Desde quando eu tenho dedicado minha vida à jornada de restaurar a casa de Deus, eu tenho conhecido um Deus que esperou e chegou quatro dias atrasado em minha própria vida. Eu tenho conhecido um Deus que tem o hábito perturbador de deixar a cena quando eu mais preciso dele. Quando as coisas ficaram tempestuosas, ele poderia sempre nos resgatar.

Em Betânia, ele deixará o seu povo morrer uma morte longa. Ele nem sempre resgatará você quando você precisa que ele faça. Ele não agirá sempre de acordo com o seu programa. Ele lhe deixará morrer. E então ele esperará quatro dias antes que faça alguma coisa.

Você poderia pensar nisto? A morte é sem esperança. Mas, quatro dias depois da morte, está além da desesperança. Jesus Cristo esperará até que você esteja morto há muito tempo.

E então... quando menos esperar… Ele virá por sobre as montanhas de algum modo estranho, nunca visto, para fazer o que você nunca nem sonhou.

Deus permitirá que passemos por situações fora do alcance da ajuda humana. Para que? Para que Ele possa demonstrar a glória de sua vida ressurreta. Você sabe, ressurreição é trabalho de Deus e Ele age sozinho nisto. E é por isso que ressurreição sempre traz glória a Ele.

Então, há crise em Betânia. Há morte em Betânia. Há tristeza e sofrimento. Mas, há também ressurreição. E Deus não pode dispensar ressurreição até que nós desejemos nos engajar em morte. O poder de sua ressurreição sempre segue os seus sofrimentos. Nunca esqueça: Ele é ressurreição e Ele é vida. E se você o permitir, Ele eventualmente rolará a pedra para longe e lhe ressuscitará dos mortos. Porém, há algo além disso tudo. Isto se encontra no verso 44.

Libertação de Todas as Coisas

Considere o mandamento do Senhor no verso 44. "Tirem as faixas dele e deixem-no ir.", "Libertem-no e deixem-no ir." "Desamarrem-no e deixem-no ir."

O que é isso? Isto é libertação da escravidão.

Olhe para Lázaro na tumba. Ele está morto. Seu corpo está começando a se decompor. Então, ele fede. Ele está enrolado com roupas fúnebres. Roupas de morte.

Jesus ministra sua vida ressurreta com sua palavra. E o que acontece? Lázaro é tornado vivo. Ele se torna uma nova criatura. E ele é libertado da escravidão de suas roupas de morte. "Desamarrem-no e deixem-no ir!" Veja que isto foi uma ordem para a multidão. Jesus não desamarrou a Lázaro. Ele mandou a multidão fazer isto.

Eu vejo duas coisas aqui. Primeiro, Betânia é o lugar onde as pessoas de Deus são libertadas de todas as suas escravidões. Escravidão da religião, escravidão da lei e do espírito de legalismo, escravidão do pecado, escravidão do mundo, escravidão de servir a Deus de modo carnal, e de qualquer outra escravidão.

Segundo, nós somos os co-laboradores do Senhor na libertação de pessoas. É como se o Senhor tivesse dizendo: "Eu quero que vocês co-laborem comigo na libertação de pessoas. Uma vez que eu já os libertei, agora vocês são meus agentes para libertar outras pessoas."

"Tirem as faixas dele e deixem-no ir." É a palavra que o Senhor deu para as pessoas que viviam em Betânia.

Se o Senhor me libertou, Ele me deu seu poder para libertar outros.

Isto é precisamente o que a vida ressurreta faz para nós.

Ela nos liberta de tudo, exceto de Cristo.

Então, Betânia é o lugar onde a vida ressurreta de Cristo é dispensada no meio da crise, e é o lugar onde o povo de Deus é libertado.

Vamos agora nos mover para a terceira narrativa.


ENCONTRO 3

Março do ano 30 d.C.

"Seis dias antes da Páscoa Jesus chegou a Betânia, onde vivia Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos. Ali prepararam um jantar para Jesus. Marta servia, enquanto Lázaro estava à mesa com ele. Então Maria pegou um frasco de nardo puro, que era um perfume caro, derramou-o sobre os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos.

E a casa encheu-se com a fragrância do perfume. Mas um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, que mais tarde iria traí-lo, fez uma objeção: "Por que este perfume não foi vendido, e o dinheiro dado aos pobres? Seriam trezentos denários. Ele não falou isso por se interessar pelos pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de dinheiro, costumava tirar o que nela era colocado. Respondeu Jesus: "Deixe-a em paz; que o guarde para o dia do meu sepultamento. Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre terão". (João 12.1-8. NVI)

Aqui temos um quadro sem igual de tudo o que Betânia é. Uma festa é dada em honra a Jesus. Jesus está sentado na cabeceira da mesa. Este é o lugar de honra, supremacia e centralidade. Há uma festa, há comunhão, e há alegria.

Esta mesma narrativa é registrada em Mateus 26 e em Marcos 14. E outros detalhes são dados. Eu vou reconstruir a narrativa combinando os três relatos. (Esta narrativa não deve ser confundida com a narrativa da mulher pecadora ungindo Jesus, em Lucas 7.)

Festa na Presença do Senhor

A festa ocorre na casa de Simão o leproso. Simão, provavelmente, foi curado por Jesus no passado. Nesta cena, ele é um leproso limpo. Mas, mesmo que Simão não tenha mais lepra, ele ainda carrega o estigma. Pessoas ainda o temem. Elas ainda o isolam. Mas, não Jesus.

A casa de Deus é feita de leprosos limpos. Isto é tudo o que nós somos. Nós fomos afligidos pela doença da lepra espiritual, uma metáfora do pecado. E Jesus Cristo nos tocou e nos curou.

Também presente como convidado está Lázaro – um homem que foi ressuscitado dos mortos. Leprosos limpos. Homens ressuscitados. Todos sentados ao redor da mesa onde Cristo é o Cabeça – festejando, comungando, e se alegrando com Ele. Isto é Betânia. E isto é a igreja.

Mais uma vez, Marta está agindo de acordo com o seu caráter. Ela está servindo. Porém, ela não está estressada ou atribulada como estava antes. Por quê? Porque Martha está servindo em ressurreição de vida. Alguma coisa mudou. Veja, você não pode estar perto de Jesus Cristo por muito tempo sem mudar. A presença Dele nos transforma.

Em Betânia, nós somos transformados pelo Senhor. Nós somos mudados pela sua vida ressurreta. E as coisas que nos prendiam são quebradas. Cinco meses atrás, Marta estava servindo carnalmente. Mas agora ela serve em ressurreição. Ela não está preocupada, atribulada ou distraída com nada. Ela está servindo ao Senhor sem reclamação, sem necessidade de ser notada ou absolvida. E ela não está ligando para o que outros estão fazendo ou não. Seu serviço é proporcional ao seu relacionamento, e ela é livre. Maria está também agindo de acordo com seu caráter. Pela terceira vez, ela está aos pés do Senhor.

Agora, volte atrás nesta narrativa e pergunte a si mesmo o que está acontecendo. Isto é uma família, festejando na presença de Jesus. Eles estão jantando com Ele e Ele com eles. Que lindo quadro de uma igreja.

Por favor, perceba que, além dos doze, foi com apenas quatro pessoas que Jesus passou os últimos seis dias de sua vida terrena. Foram apenas quatro pessoas que fizeram um lar para Ele, quando foi rejeitado em todos os outros lugares. Maria, Marta, Lázaro e Simão.

Isto é uma sentença contra a mentalidade mega-igreja.

Betânia não era grande. Era uma pequena vila. A população provavelmente não era mais do que 1.000 pessoas. E este era o lugar que o seu Senhor escolheu como lar.

Que evidência de que o Senhor está mais preocupado com qualidade do que com quantidade!

O Valor de Cristo

Eu quero que você olhe para a mesa. Os doze estão lá. Maria, Marta, e Lázaro estão lá. Simão está lá. E Jesus está lá.

Eles todos estão reclinados à mesa, compartilhando uma refeição uns com os outros. Maria tem com ela um frasco selado de um precioso perfume. É nardo da Índia. Extremamente caro. Ela quebra o vaso e retira o selo, e derrama o perfume sobre a cabeça do Senhor, como se Ele fosse um rei. À medida que o perfume escorrega pelo seu corpo e alcança seus pés, ela unge os seus pés com o perfume como se ela fosse uma escrava e ele fosse o seu dono. Jesus interpreta sua ação como preparação para o seu enterro. Ela o está ungindo como alguém unge um corpo. Ungir um corpo com perfume era feito para prepará-lo para o seu enterro. O perfume iria cobrir o mau cheiro de sua decomposição. Os reis eram ungidos para o enterro tendo perfume derramado da cabeça aos pés. Isto era o que Maria fez por Jesus. É como se ela tivesse entendido que o Senhor não estaria com eles por mais tempo, sem que ele tivesse percebido que ela entendia isto. Vamos ver o valor desse perfume. Ele custava 300 (trezentos) denários. Um denário era o salário de um dia de trabalho. Então, 300 denários era como o salário de um ano. Deixe-me colocar isto em termos contemporâneos para que você perceba sua força. O salário médio anual na América do Norte é de U$ 46.000,00. Pense: o valor daquele frasco de perfume era o equivalente a U$ 46.000! (Mesmo que o leitor não seja residente na América do Norte, pode perceber o alto valor daquele perfume. Basta multiplicar por 300, o valor médio da diária de um trabalhador de seu país). Esta quantia era provavelmente a herança familiar de Maria. Isto representava sua poupança, seu futuro, sua segurança. Com este pensamento em mente, gostaria de fazer três observações acerca da ação de Maria:

1) Maria reconhecia o supremo valor do Senhor Jesus. E ela provou isto com sua ação. Maria tomou aquilo que era mais precioso para ela e deu ao Senhor Jesus. Não apenas uma parte daquilo, mas tudo. Ela colocou o conteúdo inteiro do frasco... uma libra (Uma libra equivale a 0,453 Kg). de perfume... sobre o seu Senhor. Que quadro de um louvor extravagante! Que ilustração de uma lealdade extravagante! Que revelação de amor e devoção extravagante! Lembre as palavras de Paulo em Filipenses 3: "Eu considero tudo como perda comparado à suprema grandeza de conhecer Jesus Cristo, meu Senhor, por quem eu perdi todas as coisas. Eu as considero imprestáveis, para que eu possa ganhar a Cristo" Em Betânia, Jesus Cristo é valorizado pelo seu supremo valor. Em Betânia, é entendido que não existe nada tão caro que não possa ser colocado aos seus pés.

2) O frasco foi quebrado. Quando o frasco foi quebrado, a casa se encheu do aroma do seu perfume. A fragrância encheu a casa. Nisto reside um grande princípio espiritual: quando um vaso é quebrado, sua fragrância exala. Quando uma pessoa se deixa ser quebrada pelo Senhor... quando ela reduz a si mesma diante dele, a fragrância de sua vida pode ser sentida pelos que chegam perto. Não há nada mais precioso na face da terra do que uma reunião de crentes entre os quais o Senhor se sente em casa. E quando isto acontece, ocorre um exalar do aroma da presença de Cristo que pode ser detectado por aqueles que visitam a reunião. No Salmo 45 está escrito que as roupas do Senhor cheiram a mirra e aloés. Antes do Senhor Jesus ser sepultado, Nicodemos colocou mirra e aloés em seu corpo. E agora eu pergunto: quanta mirra e aloés Nicodemos colocou no corpo de Jesus?

A resposta: ele usou a mesma quantidade usada em enterros de reis... "cerca de trinta e quatro quilos de uma mistura de mirra e aloés." (João 19:39 NVI).

Com esta ação, Nicodemos estava testemunhando que ele acreditava que Jesus era um rei. Agora pense comigo. O corpo do Senhor foi coberto com 34 kg. de ervas aromáticas. Então, quando Ele ressuscitou dos mortos, dois dias depois, Ele estava cheirando! E sua fragrância podia ser sentida de longe.

O Cristo ressurreto tem um cheiro. Ele emite a fragrância da ressurreição.

Hoje nós não podemos mais sentir fisicamente o cheiro do Senhor, mas podemos sentir espiritualmente sua presença entre nós. E a fragrância de sua presença é uma marca de sua proximidade.

"A casa se encheu com a fragrância"

Como Paulo escreveu, "Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento" (II Cor. 2.14).

3) Judas considerou a ação de Maria um desperdício. Ouça o protesto de Judas. De acordo com as outras narrativas deste evento, os doze reagiram do mesmo jeito que Judas. O que eles disseram? Quatro palavras: por que este desperdício? "Por que este desperdício? Você poderia ter ajudado aos pobres com esta pequena fortuna"

O surpreendente ato de Maria expôs seus corações.

Existem poucas coisas que agradam tanto ao coração de Deus quanto ajudar aos pobres e necessitados. Leia o Velho Testamento. Ele está cheio de passagens que falam da preocupação de Deus com os pobres. Porém, por mais preeminente que seja cuidar dos pobres, Jesus Cristo pessoalmente é mais importante. Cristo é mais importante do que qualquer ministério, não importa quão bom ou nobre ele seja. É possível agradar o "deus do ministério" em lugar de adorar a Jesus.

Esta é a segunda ocasião nas Escrituras onde Maria é acusada. E, de novo, ela não se defende. Jesus aparece para defendê-la uma segunda vez: "Deixe-a em paz!" Ele disse. "Ela fez uma grande coisa para mim."

O Senhor estava simplesmente dizendo: "Eu tenho muito valor. Eu não estarei com vocês por muito mais tempo. Então eu valho o valor deste perfume."

Os discípulos consideraram isto um desperdício. Mas isto não foi um desperdício nem para o Senhor nem para Maria. O que é desperdício? É dar mais do que o necessário.

O que Judas estava dizendo, então, era "Jesus não vale isto".

A mais valiosa de todas as coisas

Deixe-me perguntar-lhe uma coisa: qual é a coisa mais valiosa em sua vida? Fora os seus amados, o que é mais valioso para você?

Eu vou lhe dizer o que eu acredito ser a coisa mais valiosa para muitas pessoas. É algo que muitos de nós olhamos para ele com arrependimento. É algo que muitas pessoas, especialmente quando vão ficando velhas, sentem que o perderam.

Você sabe o que é isto?

É o seu tempo.

Uma das mais profundas discussões que eu tive, aconteceu em Portland-Oregon, há alguns anos atrás. Eu tinha uma conferência de três dias naquela cidade. Enquanto estava lá, um irmão que participava da conferência pediu para conversar comigo em particular. Então, combinamos um horário e nos encontramos depois de uma das sessões.

Ele disse, "Frank, eu sou um homem de negócios. Muito dinheiro passa por minhas mãos. Mas a coisa mais valiosa da minha vida é o meu tempo. O fato de que você separou um tempo em sua agenda para voar para cá... e o fato de que você está dedicando tempo neste fim de semana para falar comigo, me diz que você atribuiu grande valor a nós." Eu fiquei impressionado.

Pense nisso: o modo como você gasta o seu tempo fala fortemente sobre a que você dá valor. Fala muito alto sobre o que você valoriza em sua vida.

Isto me leva a outra questão: quanto tempo você está dando para Jesus Cristo e para a casa dele?

Conheço alguns cristãos que têm se organizado para amar ao Senhor juntos. Eles têm diligentemente procurado fazer um lar para Ele em sua cidade. Eles tomaram partido pela restauração da igreja no lugar onde moram. Porém, eles têm também dedicado tempo a muitos outros empreendimentos.

E Jesus Cristo tem sido desvalorizado. Eles têm pouco tempo para buscar ao Senhor com seus irmãos e irmãs em Cristo.

Eles têm pouco tempo para se congregar e expressar a Jesus, conjuntamente com seus irmãos.

Eles têm pouco tempo para conhecê-lo na igreja. Por quê? Porque eles escolheram encher seus tempos com muitas outras coisas.

A casa de Figos

Maria ungiu Jesus num sábado. No domingo de manhã, Jesus entrou na cidade de Jerusalém montado num jumento. Ele entrou na cidade santa como um rei humilde (Marcos 11.1-10). Antes do pôr-do-sol daquele mesmo dia, Ele deixou Jerusalém e retornou a Betânia, onde Ele se hospedou (Marcos 11.11). Na segunda de manhã Ele saiu para Jerusalém mais uma vez. E no caminho, Ele sentiu fome. Ele viu uma figueira com folhas. Mas, depois de ver de perto, Ele descobriu que não havia figos naquela árvore (Marcos 11.14).

Esta foi uma estranha situação. Quando uma figueira está com folhas, está declarando que produziu figos. Porém, isto não aconteceu com aquela árvore. Ela era uma árvore defeituosa. Ela estava dando um falso testemunho. Ela estava anunciando que possuía figos, mas não tinha nenhum. E Jesus a amaldiçoou, e ela secou.

A figueira não pôde alimentar o Senhor. Ela não pôde satisfazer seu coração. Ela não produziu nenhum figo. Então Ele a amaldiçoou e ela morreu. Contudo, havia um lugar que podia alimentá-lo. Havia um lugar que podia satisfazer seu coração.

Ao pôr-do-sol, Ele retornou a Betânia (Marcos 11.19; Mateus 21.17).

E o que aconteceu em Betânia? Nosso Senhor foi alimentado. Ele foi bem tratado. Ele foi amado. E Ele ficou satisfeito. Betânia significa casa de figos. Que alegoria!

Você sabe o que a figueira representa? Os eruditos concordam entre si que ela representa o Judaísmo, a velha religião de Israel. Assim como aquela figueira que Jesus amaldiçoou, Israel demonstrou um show de religiosidade. Mas, na realidade, ele estava vazio, uma embalagem sem conteúdo. Ele não estava dando frutos.

Israel deveria alimentar o nosso Senhor, mas não o fez. Ao invés disso, a nação o rejeitou. Ele veio para os seus e os seus não o receberam. Então Ele amaldiçoou a figueira. E Ele declarou que nela jamais haveria figos novamente.

Mas, graças a Deus, havia um lugar que podia alimentá-lo. Havia um povo que lhe dava descanso e satisfação. Esse lugar era Betânia – a casa cheia de figos.

Então veja: Deus não tem chamado você apenas para receber o Senhor Jesus; Ele também lhe tem chamado para que você satisfaça o coração Dele.

Um profeta não tem honra em seu próprio país. Mas Jesus Cristo encontrou um país em Betânia... um lugar que o recebeu e aqueceu seu coração.

Um cenário penetrante

Eu gostaria de pintar um cenário para você. Vamos voltar à sexta-feira que precedeu o sábado no qual Maria ungiu Jesus.

Gostaria que você imaginasse o Senhor sentado com Maria, Marta, Lázaro e Simão. Ele diz: "Queridos amigos, esta é a minha última semana na terra. Eu visitarei Jerusalém todo dia, mas me recuso a passar uma única noite lá. Cada noite da semana, quero me hospedar com vocês, em Betânia. Vocês vão fazer um lar para Mim? Vocês vão Me receber, Me alimentar, Me dar um lugar para deitar minha cabeça?

Maria diz: "Bem, Senhor, eu só estarei disponível amanhã. Em todos os outros dias, estarei ocupada. Eu tenho compromissos anteriores. Sinto muito."

Marta diz: "Eu também sinto muito, Senhor. Esta semana eu tenho que pegar meu sobrinho no treino de futebol, tenho um casamento para ir, e tenho minha aula de culinária. Desculpe Senhor, mas estou muito ocupada."

O Senhor olha para Lázaro. Lázaro meneia sua cabeça e diz: "Sinto, muitíssimo Senhor. Estarei livre apenas amanhã. Durante o resto da semana eu estarei ausente da cidade, com amigos. Temos uma festa na praia do mar da Galiléia a semana toda."

Finalmente Simão responde: ‚Eu também sinto muito, Senhor. Amanhã estou livre e poderemos comer uma refeição em minha casa. Porém, no resto da semana estarei ocupado. Meu programa favorito de TV passa na segunda à noite. Terça-feira eu trabalho até tarde e fico muito cansado para estar na companhia de qualquer pessoa à noite. Quarta-feira é a noite do boliche. Na quinta eu tenho que visitar um velho amigo. E na sexta eu tenho aula de cerâmica. Sinto muito – minha vida é muito cheia.

Deixe-me traduzir as desculpas acima somente com uma sentença: Senhor, você não é tão importante para o meu tempo.

O Senhor está procurando um grupo de pessoas que dêem a Ele o primeiro lugar em suas vidas.

Ele está atrás de pessoas que se recusem a se amarrar neste mundo e nos cuidados desta vida passageira. Ele está atrás de pessoas que dêem seu tempo uns aos outros. Ele está atrás de pessoas que se reúnam regularmente... que se sentam juntos aos seus pés, que festejam juntos diante dele, amando-o juntos, conhecendo-o juntos e expressando-o juntos.

O chamado para ser Betânia não é um chamado para orar individualmente ou para um estudo bíblico individual. Isto não é, absolutamente, o que estou dizendo. É um chamado para viver como uma comunidade – para viver sua vida no contexto de um corpo de crentes que estão fazendo um lar para seu Senhor juntos... para lhe dar um lugar onde possa reclinar a cabeça. A igreja primitiva se reunia diariamente de uma forma ou de outra. Eles viviam uma vida compartilhada juntos.

A igreja não existe para fazer a mim e a você melhores cidadãos na sociedade. Isto é consequência. A igreja não é isto. A igreja é uma sociedade alternativa. Não é um suplemento para este mundo. A igreja é um mundo em si mesma, onde vivemos nossas vidas em sociedade como povo de Deus. E o povo de Deus vive como uma comunidade que compartilha a vida.

Não cometa este erro: você não pode separar devoção a Jesus de devoção a casa dele. Deus quer uma Betânia. Uma família extensa feita de irmãs e irmãos que dão a Cristo o lugar devido.

Você não pode ser um lar para Cristo sozinho. É necessária uma comunidade de crentes para fazer isto. E isto requer o seu tempo... boa parte dele.

Vamos agora olhar para a quarta e última narrativa.


ENCONTRO 4

Maio do ano 30 d.C.

"Tendo-os levado até as proximidades de Betânia, Jesus ergueu as mãos e os abençoou. Estando ainda a abençoá-los, Ele os deixou e foi elevado ao céu. Então eles O adoraram e voltaram para Jerusalém com grande alegria. E permaneciam constantemente no templo, louvando a Deus." (Lucas 24.50-53)

Nós tivemos uma morte em Betânia. Nós também tivemos uma ressurreição.

Mas agora temos uma ascensão.

Nesta narrativa, nós vemos Jesus ascendendo às regiões celestiais.

E de onde Ele ascendeu?

Ele ascendeu de Betânia.

Perceba a atmosfera aqui. Há uma bênção. Há adoração. Há grande alegria. Há ascensão. E, depois que o Senhor foi levado aos céus, seus discípulos continuaram a se reunir regularmente nos pátios e pórticos (terraços) do templo para adorar ao Deus vivo.

Isto é, eles continuaram a ser uma Betânia para Ele na terra.

Entronizado acima de todas as coisas

Existe muito mais nesta passagem.

Quando Jesus Cristo ascendeu, Ele foi entronizado como o absoluto cabeça de todas as coisas.

Todas as coisas foram submetidas aos seus pés (Efésios 1.20-23).

Paulo nos diz que nós também ascendemos com Cristo, e estamos também sentados com Ele nas regiões celestiais (Efésios 2.5-6).

Nós não temos tempo aqui, de explorar tudo o que isso significa, mas eu vou simplesmente dizer que, se você assumir o seu lugar com Cristo nas regiões celestiais, sua vida de oração mudará dramaticamente.

Você não fará mais pedidos para que Deus faça isso ou aquilo.

Ao invés disso, você orará a partir de uma posição entronizada com Cristo, e declarará o que Ele lhe tem feito Nele mesmo.

Nós estamos sentados nos lugares celestiais em Cristo, e, uma vez que todas as coisas estão aos pés Dele, todas as coisas estão também aos nossos pés.

É nossa tarefa lembrarmos uns aos outros dessa realidade e crermos nela juntos.

Betânia é o lugar da ascensão espiritual.

Porém, existe algo mais.

Porque Cristo ascendeu, Ele provou que é O cabeça sobre todas as coisas para a igreja.

É nossa responsabilidade, então, submeter-mo-nos à sua soberana autoridade e proclamá-la na terra.

Em Betânia, é dado a Jesus Cristo o devido lugar como cabeça.

Não a um homem.

Não a um grupo de homens.

Mas a Cristo, como O exclusivo Cabeça.

Não apenas em pia retórica, mas em vívida e prática realidade.

Ele não é simplesmente um convidado de honra; Ele é o Dono da casa.

E aquela casa se torna a sua casa.

O Poder de Decisão de Betânia

Eu gostaria de fazer uma observação final. Em Atos 1, nós temos outra narrativa da ascensão de Jesus aos céus. Depois que ele ascendeu, um anjo disse aos discípulos que o Senhor retornará do mesmo modo que Ele foi.

Há uma profecia em Zacarias 14 que lança luz sobre isto, eu penso.

Ela diz que os pés do Senhor pisarão o Monte das Oliveiras quando Ele retornar à terra.

Então eu tenho uma questão.

Pode ser que, quando Jesus Cristo retornar à este planeta, Ele retornará ao exato lugar de onde partiu... Betânia, no Monte das Oliveiras... assim, enviando uma mensagem ao mundo inteiro que as Betânias espirituais são o que Ele procura e o que O traz de volta?

Talvez a mensagem aqui seja que Betânia possui um divino poder de decisão.

Quando o Senhor vir que há Betânias em todo lugar deste planeta, Ele voltará.

Pois Ele será recebido.

E Ele tomará este planeta como cabeça sobre todas as coisas, tanto na terra como no céu.


Resumo

Resumindo, Betânia era inestimável para o nosso Senhor.

E, quando o espírito de Betânia está presente em um grupo de crentes hoje, isto é também inestimável para Ele.

Betânia representa o coração de Deus para a sua igreja.

Deus quer uma Betânia em cada cidade deste planeta.

O chamado para ser uma Betânia é o grande chamado de cada cristão agora.

O planeta aguarda um grupo de cristãos em cada cidade, que irá receber o filho de Deus absoluta e completamente.

Um grupo que irá entronizar Cristo como cabeça sobre suas reuniões e sobre sua vida comunitária, ao invés de entronizar um pastor ou um grupo de presbíteros.

Um grupo de que irá estimar Jesus acima de tudo o mais, e lhe dará o devido lugar de supremacia e centralidade.

Um grupo que se entregará totalmente ao Senhor e uns aos outros.

Um grupo que está buscando perder sua vida com Ele, juntos... inclusive seu tempo.

A terra espera tal grupo.

Que o Senhor tenha o que a alma Dele deseja... uma Betânia em cada localidade – um lugar onde Ele possa reclinar a cabeça.

Você pagará o preço para ser parte de tal lugar?